Em Portugal, entre 15 e 20 por cento dos bebés até os
três anos que frequentam consultas da primeira infância sofrem de depressão,
segundo dados de pedopsiquiatria dos hospitais.
Há a necessidade de os pais estarem atentos aos
sinais. Os chamados «sintomas ruidosos», como a inquietude e a hiperactividade,
são os mais frequentes da doença, apesar de os pais não os associarem
frequentemente à possibilidade de o bebé estar deprimido. O bebé que chora
muito sem motivo aparente (não tem fome, frio/calor, dores) poderá estar a dar
sinais de depressão.
A depressão
nos bebés é provocada por «acontecimentos negativos na sua história relacional,
nomeadamente descontinuidades na relação com a mãe, rupturas, perdas, má
prestação de cuidados, abandono e indisponibilidade dos prestadores de cuidados
terem trocas afectivas positivas com o bebé. Mães ou cuidadores muito
deprimidos não tem disponibilidade afectiva para estimular a criança e dar-lhe
afecto. O bebé não deprime senão em função da depressão materna muitas vezes
deprimida há longo tempo. Tudo o que a relação gera (inclusive a partir da vida
uterina) tem uma preponderância essencial no comportamento dos bebés, podendo
condicionar as competências inatas do bebé. A mãe interage com o seu filho se
tiver competências emocionais para tal, mas, o bebé também estimula a mãe a
interagir com ele (Eduardo Sá, 2003). Quando a relação já foi “mortiça” na
gravidez então poderá ser mais difícil depois do nascimento. Não é invulgar
ouvir mães a queixarem-se que os seus bebés choram muito, que estão
desesperadas sem saber o que fazer …
Bebés deprimidos também está longe de ser um problema
dos tempos modernos, apenas hoje os técnicos sabem mais e estão mais atentos ao
problema e habilitados a reconhecer os sintomas, que podem manifestar-se de
formas muito diferentes e, muitas vezes, são confundidos com outras causas e
não associados à depressão.
Em situações
de depressão do bebé, resta fazer um trabalho psicoterapêutico com a mãe (quase
de certeza deprimida também) e com o bebé adequando aos poucos a relação
maternal às necessidades do bebé. Quando trabalho não é feito, mais tarde, na
infância ou na adolescência, podem surgir vários problemas derivados da depressão.
São o caso das crianças distraídas, hiperactivas (sem lesão neurológica)
agressivas, predispostas a acidentes, com fracos resultados escolares, e dos
adolescentes que cedo começam a consumir drogas e enveredam por uma vida de
delinquência. A consulta de psicologia do bebé faz, assim, todo o sentido. Se o
seu filho apresenta sinais de desconforto e irrequietude, não dorme, mama mal
ou rejeita o biberão, chora muito, poderá estar deprimido.
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