Embora estejamos cada vez mais familiarizados com o
tema da depressão, raramente ouvimos falar de crianças
deprimidas. Mas isso não significa que esses casos não existam.
Estima-se que esta perturbação atinja 4 a 8% das
crianças e sabe-se que esta incidência tende a subir na adolescência.
A depressão infantil ocorre, em 20% dos casos, em crianças na faixa etária entre 9 e 17 anos, e é causada geralmente, por dificuldades de relacionamentos com a própria família, na escola ou em outros locais que frequentam.
Mas o número mais alarmante diz respeito ao facto de esta ser uma realidade que tende a passar despercebida aos olhos de 70% dos pais.
“Como é que isso é possível?”. Apesar de algumas
crianças manifestarem a sua depressão através dos sintomas clássicos (tristeza,
pessimismo, ansiedade, etc.), a maioria fá-lo de forma atípica, o que dificulta
o diagnóstico.
Assim, na maior parte dos casos, as alterações mais visíveis tendem a confundir-se com rebeldia: irritabilidade, agressividade, hiperatividade e/ou diminuição do rendimento escolar.
Esta manifestação atípica impede muitos pais de
perceberem a origem dos problemas e, assim, darem uma resposta eficaz.
O grito de alerta tende a surgir aquando do
aparecimento de alterações menos expectáveis, como o medo da morte (conversas
recorrentes sobre o tema), sentimentos de culpa e de inutilidade e retrocessos,
como a encoprese ou a enurese (defecar ou urinar na roupa ou na cama).
É necessário que nos consciencializemos de que a
depressão infantil existe e pode ser grave! Infelizmente, nem todas as crianças
são felizes e despreocupadas!
Tentando clarificar melhor os Sintomas que podem servir de alerta aos pais…
A depressão manifesta-se consoante a idade da criança.
Primeira
Infância (0 a 2 anos): a depressão nos bebés manifesta-se por, uma
recusa acentuada da criança em alimentar-se; um atraso no crescimento, no
desenvolvimento psicomotor, da linguagem; perturbação do sono e afecções
somáticas (A criança que está muitas vezes doente, faz febres, gripes, viroses
com muita frequência!)
Idade
pré-escolar (2 a 6 anos): nesta fase a perturbação depressiva,
manifesta-se mais por distúrbios de humor (grandes birras, ou grande euforia
momentânea substituída rapidamente por grande tristeza e apatia) distúrbio
vegetativo (em que a criança não sabe nem gosta de brincar, isola-se muito e
fica muito parada no seu canto. Não se interessa por nada).
Nesta fase pode ainda verificar-se comportamentos
regressivos a todos os níveis, nomeadamente a nível esfincteriano (podem voltar
a fazer cocó e chichi nas cuecas ou na cama), motor e de linguagem.
Idade Escolar (6 a 12 anos): Entre os seis e os oito anos, o quadro depressivo caracteriza-se por tristeza prolongada, ansiedade de separação (a criança que não quer deixar a mãe para ir para a escola) e sintomas psicossomáticos (dores de cabeça, dores de barriga, diarreias, febres).
As crianças com mais de oito anos expressam os seus
sentimentos depressivos através de baixa autoestima, ideias auto- depreciativos,
sintomas psicossomáticos, baixa de energia, desinteresse e desespero.
A depressão manifesta-se muitas vezes através das
dificuldades escolares, ao nível da ansiedade, do desinteresse, das
dificuldades da concentração intelectual e dos problemas de comportamento, para
além dos problemas alimentares e de sono. Podem também surgir queixas
psicossomáticas. Pode ainda verificar-se um aumento da agressividade, grande
irritabilidade, com envolvimento da criança em conflitos com os pares.
Um outro sintoma que pode ocultar também uma depressão é a “hiperatividade”, as crianças muito irrequietas, que não conseguem manter um mínimo de atenção nem de concentração.
Prevenção
Em vez de prevenção, podia estar escrito amor.
Um outro sintoma que pode ocultar também uma depressão é a “hiperatividade”, as crianças muito irrequietas, que não conseguem manter um mínimo de atenção nem de concentração.
Prevenção
Em vez de prevenção, podia estar escrito amor.
Os pais são os melhores atores na prevenção da
depressão infantil, dando-lhes o seu amor e carinho, bem como compreensão e
amparo e transmissão de confiança.
Tratamento
Como podem os pais ajudar….
Como podem os pais ajudar….
Numa primeira fase, o papel dos pais passa por tentar
perceber e empatizar com as dificuldades da criança, mesmo que estas pareçam
insignificantes. Por exemplo, a mudança de casa ou de escola acarreta mais
medos e angústias do que os adultos possam imaginar. Deve existir um ambiente
de confiança, propício a que a criança se sinta à vontade para explorar as suas
dificuldades. Os pais devem incentivar a criança a falar e entender os seus
receios.
Quando recorrer ao psicólogo…
Quando recorrer ao psicólogo…
É pois importante que os pais estejam atentos às
ALTERAÇÕES REPENTINAS do comportamento e do humor dos filhos.
Se estas alterações se prolongarem por mais de duas
semanas, sem que haja uma causa identificável, é importante pedir ajuda de um
Psicoterapeuta.
Tal como acontece noutras circunstâncias, os pais
podem sentir-se incapazes de dar resposta a este tipo de problemas, pelo que a
intervenção de um especialista passa a ser imprescindível.
No entanto é importante salientar que as crianças,
pelo facto de ainda estarem em desenvolvimento são mais flexíveis, permeáveis,
e aderem muito bem à psicoterapia o que permite uma evolução muito rápida no
tratamento e um elevado grau de confiança no sucesso da intervenção.
A Psicoterapia com crianças é diferente da psicoterapia com adultos. A Psicoterapia com crianças inclui conselhos educativos e explicações; recurso aos jogos, às brincadeiras e ao desenho; a atitude do psicoterapeuta é mais participativa.
Com as crianças o ritmo das sessões é variável, de acordo com a tolerância da criança.
Na Psicoterapia com crianças é necessário o envolvimento dos
pais na terapia, pelo que além do trabalho com a criança é necessário também sessões com os pais.
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